Primeiro cão-guia conta qual é o seu papel para mobilidade e inclusão das pessoas com deficiência visual

Oi, pessoal. Eu sou o Marley, primeiro cão-guia da KOF BR. Talvez você tenha me visto dando umas voltinhas na Unidade Jurubatuba ao lado do meu tutor.

Hoje eu peço licença para “invadir” a sua rotina para contar que no último dia 24 de abril comemoramos o Dia Internacional do Cão-Guia, uma data instituída para conscientizar sobre o uso do cão-guia nos meios de transporte, bem como nos espaços públicos e privados.

No Brasil, nossa presença nesses locais é regulamentada pela Lei Federal n° 11.126, que garante aos nossos tutores, ou seja, pessoas com deficiência visual, o direito de andar acompanhados de outros cães como eu.

Mas você sabe qual é nossa função? Vem cá que eu te conto!

 

AUmigo ou Cãomigo da mobilidade e inclusão

Os cães-guia são treinados desde filhotes para auxiliar pessoas com deficiência visual em tarefas cotidianas. Nosso treinamento não é biscoitinho na chupeta não! O aprendizado é dividido em etapas, que incluem a socialização e a instrução (aprender guiar).

Geralmente, os candidatos a cães-guia são dogs das raças labrador, golden retriever, pastor alemão, poodle Standard e doberman. No entanto, é possível treinar cães da raça border collie, pastor australiano, husky siberiano, boxer, terra nova e são bernardo para essa finalidade.

Sabe por que esses são os “escolhidos”? Porque são cachorros de médio e grande porte, com força para guiar seus donos. Além disso, somos obedientes e temos temperamento dócil, afinal convivemos com muita gente ao redor e isso requer muito carisma da nossa parte!

No dia a dia, os cães guias realizam diversas atividades, como ajudar o tutor a entrar no transporte público, atravessar a rua, desviar de obstáculos terrestres e aéreos, encontrar um local específico, guiar em espaços abertos e fechados, entre outras tarefas.

Somos treinados para agir em situações de risco e obedecer a comandos específicos, a fim de garantir a segurança dos nossos donos.

Cães-guia: o que pode e o que não pode

Muita gente não sabe, mas existem algumas dicas de convivência fundamentais entre nós, pessoa cega e/ou videntes. Fique ligado nelas:

Eu sei que sou fofo, mas nunca fale ou toque num cão-guia enquanto ele estiver com a guia e o peitoral. Quando eu uso este equipamento significa que estou trabalhando e não devo ser distraído.

Você só quer agradar, mas jamais alimente o cão-guia. Como um bom trabalhador, temos horário certo para comer e sua interferência bagunça nossa rotina.

 

Também adoro abraços quentinhos, por isso só faça carinho com autorização do meu tutor e quando eu estiver sem a guia e o peitoral, pois isso sinaliza que estou no meu horário de descanso.

Caso você esteja acompanhado do seu doguinho, controle para não prejudicar o meu trabalho e do meu dono. Afinal, eu preciso estar atento durante meu expediente. Nesse caso, não precisa ter medo de mim, sou bem treinado e não represento perigo para você e seu amigo canino.

Quando você quiser ajudar uma pessoa com deficiência visual e seu cão-guia, sempre pergunte primeiro ao meu tutor se ele precisa de auxílio. Nunca toque em mim ou no meu tutor sem permissão.

Quer uma dica de ouro? Em locais como ônibus ou metrô, é gentil da sua parte deixar que eu e meu tutor entremos primeiro no veículo. Você nem imagina como isso facilita meu trabalho.

Saiba que nós, cães-guias, estamos habituados e capacitados para entrar e permanecer em todos os tipos de estabelecimento, sem causar transtornos. Por isso, não barre a nossa entrada e respeite as regras de convivência. Eu e meu dono agradecemos demais sua colaboração!

Libera o cão-guia, gente!

Embora a legislação garanta nosso acesso a espaços públicos e privados, infelizmente ainda há relatos frequentes de restrições e discriminação. Por isso, desde 2006, o decreto nº 5.904 responsabiliza judicialmente todos aqueles que tentarem barrar ou impedir pessoas acompanhadas de cão-guia de utilizarem serviços. Inclusive, o não respeito à lei pode resultar em condenação e indenização por danos materiais e morais.

É fundamental reconhecer o impacto profundo de cães-guia como eu na vida das pessoas com deficiência visual. Não proporcionamos apenas independência, segurança e equidade de oportunidades para nossos tutores, mas também somos uma companhia valiosa que contribui para o aumento da mobilidade e confiança dos usuários, proporcionando e facilitando aos nossos donos a interação social com outras pessoas.

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