Como construir diálogos sem ofensas
Quando somos ofendidos ou injustiçados, seja por qualquer motivo, o sentimento mais forte gerado é raiva, seguido de uma sensação de injustiça e impotência diante de uma acusação.
Agora, imagine ter que sentir isso constantemente por existir, por ser uma pessoa negra.
Parte da História do Brasil é marcada pelo período da escravidão e, infelizmente, essa época reflete até os dias de hoje, por meio do racismo estrutural que faz parte da nossa sociedade.
Para quem não sabe, o racismo estrutural é o conjunto de práticas, hábitos, situações e falas embutidos em nossos costumes e que promovem, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial.
Diante disso, separamos algumas expressões que você nunca deve dizer, para que possamos viver em um mundo mais justo, diverso e livre de preconceitos.
“Da cor do pecado”: expressão tida como um elogio ao tom de pele, quando na verdade sensualiza a pessoa negra e a associa a atitudes pecaminosas.
“Serviço de preto”: expressão usada para se referir a um trabalho mal feito, associando uma tarefa ruim ao trabalho de uma pessoa negra.
“Denegrir”: palavra que significa “tornar negro”, mas que é utilizada com o sentido de “difamar”, portanto, não deve ser aplicada.
“Meia tigela”: expressão do período de escravidão, em que pessoas escravizadas que não atingiam bons resultados em seu trabalho forçado recebiam como punição apenas meia tigela de comida.
“Samba do crioulo doido”: apesar de ser o nome de uma música, que satiriza a obrigatoriedade das escolas de samba em tratar apenas fatos históricos em seus sambas-enredos durante a ditadura militar, é uma expressão racista, afinal associa situações de bagunça e confusão às pessoas negras. Além disso, “crioulo” é uma expressão racista, pois era utilizada para se referir a filhos de pessoas escravizadas no período da escravidão.
“A coisa tá preta”: fala que associa uma situação ruim ou desagradável às pessoas negras.
“Mercado negro, magia negra, lista negra e ovelha negra”: todas essas expressões associam a palavra “negro” ou “negra” a coisas ilegais e prejudiciais.
“Mulato”: na língua espanhola, fazia referência ao filhote do cruzamento entre cavalo e jumenta ou égua e jumento.
“Não sou tuas negas”: expressão que vem da época da escravidão e inferioriza a mulher negra, passando a ideia de que se pode fazer tudo com ela, diferentemente da relação com pessoas de outras cores e gêneros.
“Cabelo ruim, cabelo duro”: expressões racistas que são utilizadas em referência a cabelos crespos.
“Suas tranças são exóticas! Posso pegar no seu cabelo? Como você lava o cabelo?”: são todas expressões de preconceito com cabelo crespo e cacheado. “Exótico” se refere a algo fora do normal e estranho, assim como pedir para pegar no cabelo de alguém transmite a ideia de falta de normalidade e naturalidade. Perguntar como a pessoa lava o cabelo, ou mesmo dizer coisas do tipo “cabelo crespo dá muito trabalho”, são expressões que reforçam a ideia de que cabelos lisos são “melhores” e “mais fáceis de serem cuidados”.
Podemos perceber que expressões (infelizmente) cotidianas são extremamente ofensivas para a maioria da população do Brasil, que é negra. Como sociedade, evoluímos tanto em alguns aspectos, mas no relacionamento com outros seres humanos estamos muito atrasados. É nossa responsabilidade garantir que todas as pessoas se sintam bem e pertencentes.
Por isso, levem esse conteúdo como base, mas sigam pesquisando como deixar de lado o racismo que fomos ensinados a propagar.