Colaboradora tem como uma das principais características o equilíbrio entre o autoconhecimento e a troca com outras pessoas

Muitas vezes, olhamos para o lado, para os amigos, filhos, marido, esposa, colegas de trabalho, vizinhos. E para nós, olhamos o suficiente?

Conhecer a si mesmo é um exercício a ser praticado ao longo dos anos, meses, dias, horas ou até mesmo minutos. É uma prática constante e infinita!

Quem não abre mão disto é Celise Ritto, que atua na área de Manufatura, como Gerente Industrial da planta de Porto Alegre, e é a nossa inspiração de hoje.

Olhar para dentro e para fora

Já são 29 anos de Coca-Cola FEMSA, quase a idade do filho, Matheus, de 26. Para o jovem, não faltam elogios: “O Matheus é uma pessoa linda, maravilhosa, se formou em medicina ano passado, faz residência e isso me dá uma sensação gostosa de poder trabalhar estas três áreas da minha vida”.

As três áreas as quais ela se refere são o trabalho, a família e a vida pessoal. Para lidar com elas, o segredo da gerente é o autoconhecimento e uma questão espiritual bem definida: “Tenho um lado espiritual muito forte e com isso fui desenvolvendo o autoconhecimento, que me ajudou muito a desempenhar papéis importantes nestas três áreas”.

A prática do autoconhecimento pode ser capaz de refletir em vários setores da vida e torná-la mais agradável e amena. Sobre isto, Celise ainda afirma: “Quanto mais fui me conhecendo, mais fui desempenhando estes papéis de forma responsável e com leveza, sem me impactar física, emocional e psicologicamente”.

Tão importante quanto olhar para dentro é observar nosso exterior. Conhecer bem as pessoas pode gerar trocas importantes e aprendizados que valem para a vida toda. Nossa entrevistada também acha importante conhecer o outro: “Gosto de conhecer os pontos relevantes de cada um, somar esses pontos e desenvolver um trabalho em equipe que acaba me fazendo muito bem e contribuindo para o meu crescimento, também”.

E tem maneira melhor de crescer do que conhecendo pessoas e trocando experiências?  “Na companhia, em 8 anos, tive 5 gestores com modelos de trabalhos diferentes. Consegui aprender com essas pessoas, buscar o melhor de cada uma e somar com o que eu tinha de experiência”.

Do Oiapoque ao Chuí passando pelo México

A troca entre pessoas dá margem para outro assunto muito importante: a diversidade. Isso porque é natural que haja o encontro de diferentes culturas e ideias durante a convivência no trabalho.

Celise sabe muito bem disso: “No Brasil, tem muita cultura diferente. Na FEMSA, trabalhei com pessoas do sul, que são completamente diferentes dos colaboradores do sudeste, que tive contato, igualmente distintos das pessoas do nordeste com as quais trabalhei. Sem contar a minha experiência com o pessoal do México. Tive a oportunidade de ter acesso a ideias e culturas diferentes. Isso só somou e eu aproveitei muito estas diferenças para trazer coisas boas para mim e também para eu replicar”.

Quem decide são elas, também

A equidade de gênero é um tema de extrema importância que diz respeito à igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Nesse sentido, é necessário que seja combatido qualquer preconceito ou impedimento à ocupação de um cargo de liderança por uma mulher.

É fundamental que a presença feminina nas empresas não reflita apenas números, mas um papel de fato relevante das colaboradoras. Celise define muito bem isso: “Enxergo que a KOFBR vem transformando os ambientes para receber um público relevante do sexo feminino, que desempenhe um papel importante em decisões e agregue valor a cada etapa de trabalho”.

Quanto mais o público feminino de uma empresa participa efetivamente das decisões da companhia, mais relevante ele é. Sobre isto, a colaboradora é otimista: “Tenho uma expectativa positiva e desejo que possamos olhar e aplaudir mulheres em cargos relevantes que demandem decisões importantes. Aqui mesmo houve mudanças, como a Karina, lá no México, no RH, então já começamos a perceber mulheres preenchendo cargos de importância”.

Jornadas, no plural

Existe realmente uma mudança em relação a cargos de liderança e a presença de colaboradoras. Ainda assim, é necessário que, junto a essa tendência, haja um reconhecimento das variadas jornadas que uma mulher enfrenta. A colaboradora comenta que “é muito importante pensarmos em como permitir que uma mulher se saia bem em um cargo sem que ela abra mão de questões que já fazem parte da sua vida, como o cuidado com a família, com, eventualmente, pais idosos e dependentes etc.”.

Este cuidado e consciência em relação à vida atribulada fora da empresa, de boa parte das mulheres, parece ter ficado mais evidente em um cenário pandêmico, na opinião da gerente. “É um momento que trouxe novas reflexões sobre como conseguimos amparar melhor o objetivo de inserir mais mulheres no mercado de trabalho. Muitos paradigmas foram quebrados com a pandemia. Empresas, por exemplo, repensaram sobre a flexibilidade para uma mulher que tem mais de uma jornada em pleno regime de home office”.

Sabemos que não é simples permanecer em home office, muitas vezes com filhos pequenos e marido também em casa, e conciliar as tarefas domésticas com as demandas do escritório. Este contexto trouxe uma reflexão urgente e importante: a divisão das tarefas entre homens e mulheres, mais precisamente entre maridos e esposas e, em muitos casos, pais e mães.

Parece um tema óbvio, afinal, basta dividir as tarefas e tudo resolvido, certo? Nem sempre as coisas são simples assim. Celise aponta: “Está melhorando, mas penso que ainda temos muito o que trabalhar sobre responsabilidades divididas”. Isso porque muitas tarefas ainda são atribuídas exclusivamente às mulheres e mães, o que dificulta, por exemplo, o objetivo de inúmeras colaboradoras que sonham em alcançar cargos de liderança. Para a colaboradora, deve haver um verdadeiro rompimento desse tipo de pensamento: “É um paradigma a ser quebrado esta questão de a mulher às vezes não avançar profissionalmente pelo fato de sonhar em ser mãe. Desejo que a mulher seja efetivamente vista pelas competências, empoderamento e influências que exerce. Que ela seja enxergada por todas as áreas e possa estar em uma trilha de carreira”.

Talvez, a chave de tudo esteja nos sonhos. Sonhar em ser mãe ou uma líder de sucesso, não importa, ambos objetivos refletem vontades lindas que devem ser perseguidas. Celise sonhou e segue sonhando, por isso, aconselha a outras mulheres: “Sonhe a partir de você mesma e se prepare. Tenha a confiança de que é um sonho possível de ser realizado e não desista, ainda que haja dificuldades”.

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